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Como o Arremesso de Três Pontos Revolucionou o Basquete
Basquete

Como o Arremesso de Três Pontos Revolucionou o Basquete

Por Michael Johnson

Quando a linha de três pontos foi introduzida na NBA na temporada 1979-80, poucos poderiam prever como ela iria transformar fundamentalmente o basquete. O que começou como uma novidade evoluiu para se tornar o ponto central da estratégia moderna do basquete, remodelando tudo, desde as habilidades dos jogadores até a construção das equipes.

O Nascimento da Linha de Três Pontos

Embora a NBA tenha adotado a linha de três pontos em 1979, o conceito não era novo. A American Basketball League (ABL) experimentou brevemente um arremesso de três pontos no início dos anos 1960, e a American Basketball Association (ABA) introduziu permanentemente a linha em 1967. Quando a ABA se fundiu com a NBA em 1976, a linha de três pontos veio junto alguns anos depois.

A recepção inicial foi morna. Durante a primeira temporada da NBA com a linha de três pontos, as equipes tentaram apenas 2,8 arremessos de três pontos por jogo. O arremesso era visto como um truque ou uma opção de último recurso quando estavam perdendo no final dos jogos. Os jogadores simplesmente não eram treinados para usá-lo efetivamente.

Os Primeiros Adaptadores

Como em qualquer inovação, certos jogadores reconheceram a vantagem potencial antes dos outros. Larry Bird, embora nunca tenha sido conhecido como um arremessador de volume de três pontos pelos padrões modernos, usou o arremesso para estender seu alcance de pontuação. Quando Bird venceu os três primeiros Concursos de Três Pontos da NBA de 1986 a 1988, isso ajudou a legitimar o arremesso aos olhos dos fãs e de outros jogadores.

Equipes como o Portland Trail Blazers do final dos anos 1980 e início dos anos 1990, com Terry Porter e Clyde Drexler, começaram a incorporar o arremesso de três de forma mais sistemática. Mas foi possivelmente Reggie Miller, do Indiana Pacers, que primeiro construiu sua identidade ofensiva em torno do arremesso de três pontos, aterrorizando os adversários (particularmente o New York Knicks) com seu arremesso rápido de além do arco.

A Revolução da Análise

A verdadeira revolução dos três pontos não começou até os anos 2000, quando a análise avançada começou a demonstrar a vantagem matemática dos arremessos de três pontos. A aritmética simples é convincente: uma taxa de sucesso de 33% em arremessos de três pontos produz os mesmos pontos por arremesso que 50% em arremessos de dois pontos.

O Houston Rockets, sob o comando do gerente geral Daryl Morey, tornou-se o símbolo dessa abordagem analítica. Na temporada 2017-18, os Rockets estavam tentando um número sem precedentes de 42,3 arremessos de três pontos por jogo, tornando o arremesso central para sua estratégia ofensiva em vez de suplementar.

A Era do Golden State Warriors

Se alguma equipe consolidou a revolução dos três pontos, foi o Golden State Warriors com Stephen Curry e Klay Thompson. Curry, em particular, redefiniu o que era considerado um "bom arremesso" no basquete. Sua capacidade de arremessar com eficiência de muito além do arco forçou as defesas a se estenderem, criando espaço que beneficiou toda a sua equipe.

A temporada 2015-16 dos Warriors, na qual venceram 73 jogos, mostrou como uma ofensiva orientada para arremessos de três pontos poderia dominar a liga. Naquela temporada, Curry fez 402 cestas de três pontos, obliterando seu próprio recorde anterior de 286. Os Warriors tentaram 31,6 arremessos de três pontos por jogo, um número que pareceria modesto poucos anos depois.

O Jogo Moderno

Na temporada 2021-22, as equipes da NBA estavam em média com 35,2 tentativas de três pontos por jogo, mais de 12 vezes a média da temporada inaugural do arremesso. O arremesso de três pontos se transformou de novidade para necessidade.

Esta revolução tem efeitos em cascata por todo o basquete:

  • Desenvolvimento de Jogadores: Jogadores de todas as posições agora devem desenvolver habilidades de arremesso de três pontos, mesmo pivôs que tradicionalmente operavam exclusivamente no garrafão.
  • Espaçamento: Ataques priorizam espaçar a quadra com arremessadores, criando corredores de penetração e impedindo que as defesas se concentrem no garrafão.
  • Estratégias Defensivas: As defesas tiveram que se adaptar, estendendo sua cobertura para o perímetro, muitas vezes sacrificando a proteção interior.
  • Fluidez Posicional: As posições tradicionais se tornaram menos distintas, com "alas-pivôs" e "pivôs" que podem arremessar de longe se tornando ativos valiosos.
  • Construção de Equipe: As diretorias priorizam arremessadores em suas montagens de elenco, às vezes às custas de outras habilidades.

Para Melhor ou Pior?

A revolução do arremesso de três pontos tem seus críticos. Alguns argumentam que tornou o jogo menos diverso taticamente, com muitas equipes jogando no mesmo estilo. Outros apontam para a estética, lamentando o declínio da arte do mid-range e do jogo de pivô.

No entanto, a evidência estatística da eficácia do arremesso de três pontos é esmagadora. Equipes que abraçam o arremesso de três pontos geralmente superam aquelas que resistem a ele, forçando até mesmo técnicos e jogadores relutantes a se adaptarem.

O Futuro

Para onde vai o basquete a partir daqui? Há evidências de que a revolução dos três pontos pode estar atingindo um platô em termos de volume, à medida que as equipes se aproximam do teto teórico de quantos arremessos de três pontos podem ser tentados com eficiência.

A próxima fronteira pode ser a qualidade do arremesso em vez da quantidade, com as equipes se tornando ainda mais seletivas sobre quais arremessos de três pontos elas fazem. Também podemos ver contra-estratégias emergindo, à medida que técnicos inovadores encontram maneiras de explorar defesas que se estendem demais para defender a linha de três pontos.

O que é certo é que a linha de três pontos, que antes era um detalhe, agora é central para a estratégia do basquete em todos os níveis do jogo. Das ligas juvenis à NBA, a capacidade de espaçar a quadra e acertar arremessos de longe tornou-se fundamental para como o basquete é jogado no século 21.

A revolução dos três pontos está completa e não há como voltar atrás. O basquete foi mudado para sempre por um simples arco pintado na quadra, a 7,24 metros do centro da cesta.

Michael Johnson

Michael Johnson

Escritor e historiador de basquete com foco em análise da NBA e na evolução do jogo moderno.

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